quarta-feira, 21 de julho de 2010

Aos 77 anos, Serguei só quer saber de “sexo e doideira”



Aos 77 anos, Sérgio Augusto Bustamante, o Serguei, afirma que só quer saber de “sexo e doideira”. O roqueiro, conhecido por ter tido um affair com a cantora Janis Joplin, voltou aos holofotes em impagáveis chamadas para o Prêmio Multishow, que será realizado no dia 24 de agosto. Em entrevista ao JT, ele fala de sexo, drogas e, é claro, rock and roll. Confira:

Você se sente na moda outra vez?
A internet renovou o meu público. Tenho 77 anos de vida e 45 de rock ‘n roll. Sou muito festejado, muito feliz. Tenho muitos fãs, ganho muito beijo na boca.

77 anos! Você, Mick Jagger, Keith Richards, Iggy Pop… O Rock é o segredo da imortalidade?
Tô na pilha do rock. Eu tenho 25 anos. Meu corpo tem 77. Eu, não.

O que você acha das bandas de rock atual? Fresno, NXZero…
Fico desapontado. Esses garotos… Acho que são bons do ponto de vista instrumental, mas não variam. Todas as bandas são absolutamente iguais. Não têm estilo. Rock é estilo de vida e atitude.

Muito careta?
Todos arrumadinhos e de olhos pintados, como os beatniks faziam na década de 70. Eles se dizem emo. Que diabo eu vou saber o que é emo… O que fazem é pop. Não é rock. Eu não aprecio o trabalho daqueles cuja arte consiste em copiar os outros.

As letras são muito ‘mimimi’?
Pra mim é pagode em ritmo de rock. As letras são muito chatas: “Você me abandonou, me deixou”. Uma charopada.

O que falta?
Sei lá. Eu não gosto do pessoal do banquinho… Isso começou com os estudantes universitários querendo se profissionalizar na música. Acho chato. Dessa turma, só escapava o Gonzaguinha. Eu não vejo arte, força ou atitude nisso aí. O artista você conhece no palco.

Qual foi sua maior loucura ?
Foi no Rock in Rio 2. Eu me atirei de cima do palco. Cantei um tributo à memória de Janis Joplin, meti o pé na cerca, fui lá embaixo e cantei ‘Summertime’ no meio da galera. Me joguei em cima do povo. Ninguém me sacaneou. Ninguém me machucou.

O rock te deixou muitas marcas?
Eu protestei muito pra você poder falar comigo. Em 1967, durante a Ditadura sanguinária do Médici, eu protestei contra a falta de liberdade de expressão, que é a coisa mais sagrada que um homem pode ter. Pouca gente sabe, mas, em 1967, eu tive de fazer um show à força em Brasília, na inauguração do Teatro Nacional. Na ocasião, botei uma jaqueta, cheia de medalhas das três forças armadas e cantei na cara do Médici. Eu gritava “rock and roll” ! (ele fala aos gritos), na cara do ditador.

Foi uma vida de muitas paixões?
Eu sou um tipo bissexual. Amei duas pessoas na minha vida. Eu tinha uma garota chamada Glorinha, que fiquei desesperado quando me largou. Depois, conheci um garotão motociclista. A gente ficou junto um tempo, mas não me dei bem. Eu não transava esse negócio de drogas. Ele transava.

Peraí, você nunca usou drogas?
Uma vez, Janis Joplin saiu do banheiro enrolada na toalha. Ela tava chapada e eu disse pra ela: “Sua voz é linda. Mas você vai nos deixar cedo por causa dessas porcarias. Larga esse LSD, cocaína, maconha. Nós somos espíritos. O corpo é só uma máquina. Quando ela começar a enguiçar, nós batemos a porta e vamos embora”. Quando ela morreu, eu chorei muito.

Mas você nunca usou drogas?
Nunca curti drogas. Acho a maior babaquice. Sou muito vaidoso. Fumei maconha uma vez e me senti leso. Minhas energias indo embora por causa dessa porcaria. Eu preservo a minha máquina. Eu já tenho cocaína, maconha e tudo o que você imaginar dentro da cabeça.

Ah, tá. Agora, diz. Você pegou a Janis Joplin mesmo?
Éramos amigos. E rolava um sexo, sim, uma doideira. Eu era meio inibido com a Janis… Uma vez, ela me intimou durante uma festa num hotel, em São Francisco. Ela esticou os braços e me chamou. Eu disse que não iria transar com ela, porque ela era um mito. Aí, ela ficou brava e me falou que mito era Jimmy Hendrix. Até desfilei no São Paulo Fashion Week com uma camiseta com a frase: ‘Eu comi a Janis Joplin’ (foto à esquerda).

A AIDS deu uma tesourada neste comportamento libertário?
Adoro sexo. Mas uso preservativo, e isso me revolta. Fico puto com essa geração do computador, que vive anestesiada. O cara quer trepar, e trepa com o computador. A melhor coisa é andar em Copacabana ou na Av. Paulista, olhar nos olhos das pessoas, sair. O resto é mecânico. Quero saber de sentimento. O mundo perdeu o brilho. Ficou tudo vulgar e sem vida.

Você já tomou Viagra?
Não. Nos anos 70, não tinha disso. Tem muito jovem de 18 e 20 anos que toma por curtição e depois fica broxa de verdade. Eu não tomo e sou muito rock and roll.

E política? Já sabe em quem vai votar para presidente este ano?
Ainda não. A Dilma é fantoche do Lula. E não curto muito o Serra. Mas não quero pensar nisso. Pago todos os meus impostos em dia. No mais, é só sexo e doideira.

Um comentário:

  1. Como músicos, a dois anos, dessa figura Maravilhosa que é o Serguei,e conhecedores de uma boa parte de sua história, contada dia a dia durante esse período em nossas viagens pelo Brasil, adoramos esse material , que, além de bem escrito, está muito fiél a verdade. Parabéns ! E pode contar conosco ! Banda PANDEMONIUM

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